quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Road to Awareness 2009 Bike Ride





Este é um pequeno relato da minha recente participação no Road to Awareness 2009 Bike Ride. No total foram cerca de 360 kms, com passagem por 8 altos de montanha (Portet d`Aspet, Menté, Portillon, Peyressourde, Aspin, Tourmalet, Soulor e Aubisque).

No primeiro dia, começámos a pedalar em direcção a Portet d´Aspet, com o tempo nublado e a indiciar chuva, que não tardou em aparecer. Como resultado, a primeira e única queda de toda a volta, que aconteceu felizmente numa subida, quando um colega perdeu tracção numa rampa mais inclinada e perdeu o controlo da bicicleta, caíndo para o lado. Alguns arranhões, mas nada de mais.
No alto do Col de Menté, estávamos já completamente ensopados, e tivémos de fazer a descida com precaução adicional (desníveis de 17% em alguns sectores). Ao chegarmos ao local da primeira paragem para almoço, entrámos todos num café-restaurante e pedimos café e chocolate quente. Eu estava gelado, e tremia tanto das mãos que mal conseguia segurar a chávena. Isto de deixar o Algarve com 30 graus e vir para as montanhas com chuva e 5 graus tem que se diga...

A seguir ao almoço, já com roupa seca no corpo, partimos em direcção ao Col du Portillon, em terrritório espanhol. Ainda apanhámos tempo seco no vale, mas ao começar a subir a chuva regressa e já não nos deixa até chegarmos a Bagnéres de Luchon, depois de uma descida em que os dedos das mãos quase congelaram e os calços dos travões da bicicleta ficaram em brasa. Com 100 kms feitos, chegámos ao hotel em que iríamos pernoitar, e depois de arrumarmos as bicicletas fomos todos para os quartos, e no meu caso directamente para o chuveiro para aquecer os ossos!!!

Depois do banho, alguns foram à procura de uma loja de bicicletas para trocar calços de travão e afinar as bicicletas, enquanto outros aproveitaram para dar uma volta pela cidade e relaxar um pouco. Nesta noite jantámos às 19h00, e toda a gente foi cedo para a cama pois o cansaço era geral.

O segundo dia começou com o pequeno almoço às 7 da manhã. O tempo estava melhor, as nuvens começavam a dissipar-se com a chegada dos primeiros raios de sol. Uma vez que a subida para o Peyressourde começava logo à saída da cidade, andámos às voltas pela cidade para aquecer os músculos antes de iniciar a escalada. A subida para o Col du Peyressourde não é fácil, mas a vista é espectacular e atenua as dificuldades. Uma vez alcançado o topo, mais uma longa descida, cerca de 15 kms, desta vez com o piso seco a dar mais confiança e a atingirem-se velocidades na casa dos 80 kms/hora. Pelo caminho alguns sustos com condutores de automóveis menos precavidos, mas felizmente nada a assinalar.

Depois da paragem para o almoço, seguimos caminho pelos vales, em direcção ao Aspin. Esta subida era uma velha conhecida minha, pois já a tinha feito em 2004 e 2005, mas sempre pelo lado contrário. Como sempre, os suspeitos do costume na frente, o Sérgio Malumbres, o Renato Soares, o Chris Newman e o Michelle Benoit. Eu seguia logo atrás, mantendo um ritmo estável para evitar desgastar-me muito, e aproveitava para ver a vista magnífica deste lado da subida.
Chegados ao topo, foi tempo de uma curta celebração, beber água e comer mais uma banana. Os últimos 25 kms do dia foram por entre os vales, com vento a favor, o que me permitiu rodar as pernas e descansar os músculos já a pensar no dia seguinte.
Chegámos ao hotel, e depois de um banho revigorante, foi tempo de relaxar um pouco no bar, por entre dois dedos de conversa e um Porto-Benfica em matraquilhos. A boa disposição reinava, apesar do cansaço evidente.

O terceiro dia começa com o céu limpo e uma temperatura bastante amena. Não dormi muito bem, acho que estava inquieto com a idéia de subir o Tourmalet novamente, mas desta vez pelo lado de St. Marie Campan. A subida tem cerca de 17 kms, mas começa realmente 6 kms antes já com um desnível acentuado. Ao chegarmos à placa dos 17 kms, os mesmos do costume começam a impôr o seu ritmo, e eu sigo com o colega Marco Ramos do Penina, puxando um pelo outro e sempre com o grupo da frente à vista. Na chegada a La Mongie, a 5kms do topo, o Marco fraqueja um pouco e eu sigo sozinho, pois se abrandasse não sei o que poderia acontecer. Os últimos kms são sempre com 8%, 8,5% e 9% de inclinação, e chego ao topo com uma alegria imensa. A vista é fabulosa, e existe uma aura muito especial à volta desta montanha. Dezenas de ciclistas chegam a todo o momento, em bicicletas de estrada, montanha, casais em tandems (bicicletas para duas pessoas), bicicletas carregadas de malas de viagem, etc.
A descida é vertiginosa e o Peter Cullen chega a alcançar os 100 kms por hora, um verdadeiro rocket man!. Chegamos a Luz St. Sauveur, uma pequena e simpática vila onde paramos para um merecido almoço. O sol aquece e a temperatura é bem agradável. Depois do almoço, arrancamos em direcção ao Col du Soulor, com vento frontal a criar algumas dificuldades mas seguimos todos juntos para nos protegermos. Um grupo de 5 elementos distancia-se antes do início da subida, com o Sérgio Malumbres, Renato Soares, Chris Newman, Michel Benoit e o Marco Ramos. Eu sigo mais atrás, na conversa com o Oliver Bonker, e começamos a subir juntos. No primeiro dia tínhamos andado quase sempre juntos, mas a subida do Soulor é longa e começa a criar as primeiras dificuldades. Sigo em frente e apanho o Massimo Parlanti, um italiano sempre bem disposto, e seguimos juntos durante algumas centenas de metros, mas estou a sentir-me bem e acelero o ritmo. A 20 kms do topo, apanho o Chris Newman e seguimos juntos até encontrarmos uma placa a indicar 18 kms para o Col de Aubisque, e 11 kms para o Soulor!!! Está calor e o Soulor não é meigo, começam as serpentinas e é sempre a doer até ao topo, com rampas de 8, 9 e 9,5% de inclinação. Deixo o Chris para trás e chego sozinho ao Soulor, onde está a Claudia da Unicef com uma madalena à minha espera. Nesta subida dei quase tudo o que tinha, e estou ansioso por chegar ao final no topo do Aubisque. Seguem-se dois quilómetros a descer, numa estrada cravada nas paredes rochosas da montanha, sempre com o precipício à espreita, e os últimos 5 kms a subir. Sinto-me bem e ultrapasso o Marco e o Michel a 2 kms do fim, e sigo sozinho encosta acima. No último quilómetro dou tudo o que tenho, e finalmente chego ao Aubisque, cansado mas feliz. O Sérgio e o Renato esperavam-me já lá em cima, assim como parte da equipa de apoio que nos acompanhou.



É altura de celebrar e aplaudir a chegada dos restantes colegas. Todos, com mais ou menos dificuldades, terminaram a etapa, deram o seu melhor e no fundo isso é o que realmente interessa.
Foram dias fantásticos, com muito esforço mas com constante boa disposição, companheirismo e união, e com uma equipa de apoio sempre presente e a certificar-se de que nada nos faltava. Enquanto já se vai falando na edição do próximo ano, a minha participação neste evento fez-me ver como é gratificante poder praticar um desporto e desafiar as nossas capacidades fisícas e psicológicas, ao serviço de causas tão importantes como esta.

Se tiverem 10 euros, ou mesmo menos, que possam dispensar, estarão já a dar uma grande ajuda a crianças que realmente precisam de todo o apoio que se possa encontrar. Basta ir a www.roadtoawareness.com, e fazerem o vosso donativo.

Obrigado.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A minha equipa



Esta é parte da equipa com a qual trabalho há já alguns anos. São pessoas fantásticas, que dão tudo o que têm, sempre dispostas a ajudar e que fazem pequenos milagres todos os dias.

Obrigado pela força, vou lembrar-me de vocês quando estiver a atacar as subidas dos Pirinéus no proximo fim de semana.

Desculpem lá não vos dar muito descanso...mas não fui eu que inventei os telemóveis :)